segunda-feira, 15 de junho de 2009

Frescos da Capela Sistina

Os frescos da Capela Sistina criados no Quattrocento por notáveis Renascentistas são, certamente, uma das obras de arte mais esplendorosas no mundo.
A Capela Sistina está inserida no Palácio Apostólico, o maior palácio do mundo, residência oficial do Papa na Cidade do Vaticano, Roma. Foi construída entre os anos 1475 e 1483, durante o Pontificado do Papa Sisto IV, daí o nome que lhe foi atribuído, pelo arquitecto Giovanni deil Dolci. A inauguração da capela ocorreu em 15 de Agosto de 1483 com uma celebração eucarística.


Aspecto Exterior da Capela Sistina.



No início o projecto era simples e despretensioso e destinava ao culto religioso do Papa e de outros altos cargos eclesiásticos, no entanto veio a tornar-se muito famosa em todo mundo, devido à magnificiência do seu interior e também devido ao facto de ser o local onde se realizam os Conclaves para eleição do Sumo Pontífice da Igreja Católica Romana.

Religiões à parte, porque é o que menos me interessa, a fama da Capela Sistina deve-se sem dúvida aos frescos que nela se encontram. Nas paredes o trabalho é de Botticelli, Perugio, entre outros grandes pintores do Quattrocento, que aí pintaram além de retratos de Papas, cenas da vida de Cristo e de Moisés.




Fresco de uma parede lateral, da autoria de Pietro Perugio,
com título ' A Entrega Das Chaves a São Pedro '.


O tecto foi encomendado a Michelangelo Buonarroti pelo Papa Julio II, porque admirava as suas qualidades artísticas. O artista renascentista, aclamado por muitos um verdadeiro génio, fez a obra contra vontade e, apesar de não dominar a técnica do fresco e de preferir a escultura à pintura, em apenas 4 anos ( de 1508 a 1512 ) criou uma das obras mais notáveis de sempre.

Aspecto do tecto da Capela Sistina, pintado por Michelangelo.



Os frescos situados no tecto contêm cerca de 300 figuras, e o autor recriou três episódios do livro do Génesis: a Criação da Terra por Deus, a Criação da Humanidade e sua queda e, por fim, a Humanidade representada por Noé. De entre as várias cenas, encontram-se as famosas:

Nascimento de Vénus.



Criação de Adão.


Pecado Original e Expulsão do Paraíso.




Vinte anos depois, Michelangelo voltou à Capela a pedido do Papa Paulo III, para pintar a parede do fundo. Esta pintura demorou sete anos ( 1534 a 1541 ) e tem o tema o Juízo Final, onde o artista retrata a segunda vinda de Cristo e do Apocalipse, quando as almas da humanidade seriam levadas a seu destino final e julgadas por Cristo, rodeado de santos.


Pormenor curioso foi o artista ter-se auto-retratado entre os pecadores, suplicando clemência. Representa a sua face na pele que São Bartolomeu segura, símbolo do seu martírio.







Juízo Final, de Michelangelo.

O restauro dos frescos da Capela Sistina ter-se-á iniciado muitos anos mais tarde ( em 1980 ) e demoraria cerca de 10 ano a ficar concluído.

domingo, 14 de junho de 2009

Tapetes de Flores, Caminha.

Foi no passado dia 11 de Junho, em que se comemorou o Corpo de Deus ( Corpus Christi ), que se voltou a cumprir a tradição de enfeitar as ruas da vila de Caminha, norte de Portugal, com tapetes de flores.

Para além das festas religiosas, que incluem a procissão ao final da tarde,
os tapetes de flores são um belo cartão de visita da vila.

Esta iniciativa atrai inúmeros apreciadores destas verdadeiras obras de arte
realizadas com flores de vários pontos do nosso país,
e também de Espanha, nomeadamente da vizinha Galiza.

A festa do Corpo de Deus é uma iniciativa do Arciprestado de Caminha,
que conta com o apoio da Câmara Municipal.


Trabalhadores do munícipio e habitantes em geral
trabalham durante várias semanas na preparação dos tapetes.
Recolhem flores, e também serrim e fitas de madeiras que são também
por eles pintadas.


São elaborados moldes em ferro e madeira,
que posteriormente darão forma às figuras desenhadas no chão.

É na noite anterior aos festejos que os habitantes trabalham
com afinco afim de se obter estas maravilhas floridas.


As imagens falam por si!



__________________________________________

Agradeço à minha amiga Carla Monteiro por me ceder as fotografias.

Estão lindas!! :)

sábado, 13 de junho de 2009


" Perguntei a um sábio,

A diferença que havia

Entre o amor e amizade

Ele me disse essa verdade...

O amor é mais sensível

A amizade mais segura,

O amor dá-nos asas,

A amizade o chão.

No amor há mais carinho,

Na amizade compreensão.

O amor é plantado

E com carinho cultivado.

A amizade vem faceira

E com troca de alegria e tristeza,

Torna-se uma grande

E querida companheira.

Mas quando o amor é sincero,

E quando a amizade é concreta,

Ela é cheia de amor e carinho.

Quando se tem um amigo

ou uma grande paixão,

Ambos os sentimentos coexistem,

Dentro do nosso coração. "



William Shakespeare







quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dia de Portugal



Dia 10 de Junho, feriado nacional, comemora-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Tudo começou quando, após a Implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, foram estipulados, no decreto de lei de 12 de Junho, os feriados nacionais, e nesse mesmo decreto dava-se aos concelhos e municípios a possibilidade de escolherem um dia do ano que representasse as suas festas tradicionais e municipais. Daí a origem dos feriados municipais. Lisboa escolheu o dia 10 de Junho, por ser a data provável da morte de Luís Vaz de Camões, em 1580.

Camões representava o génio da pátria, aquele que elogiou os feitos históricos e aventureiros dos nosso antepassados, sendo ele próprio um aventureiro. E os republicanos de Lisboa procuraram evocar neste dia a glória das camonianas de 1880, uma das primeiras manifestações das massas republicanas em plena monarquia.

É durante o Estado Novo, sob regime de Salazar, que o Dia de Camões passa a ser comemorado a nível nacional. “Durante o Estado Novo, o 10 de Junho continuava a ser o Dia de Camões”. O regime procurou dar alguma continuidade “a muitos aspectos que vinham da República”. Ou seja, “apropriou-se de determinados heróis da República, mas não no sentido positivista, não no sentido laico que os Republicanos lhe queriam dar”.

Antes da revolução de Abril, o dia 10 de Junho, era o Dia de Portugal, de Camões e da Raça, epíteto criado pelo ditador, aquando da inauguração do Estádio do Jamor, em 1944, numa maneira de homenagear as vítimas das guerra colonial. Mais tarde, em 1963, este dia tornou-se numa homenagem às Forças Armadas, numa exaltação da guerra e do poder colonial. No entanto, a terceira república converte o dia em Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, também com vista a homenagear os portugueses espalhados pelo mundo.


É neste dia que o Presidente da República, depois do desfile das forças armadas e da entoação do Hino Nacional, procede à distinção de várias personalidades, em várias áreas. Este ano, tendo a dita celebração lugar em Santarém ( cada ano preside num local diferente ), o Presidente fez uma homenagem no Monumento a Salgueiro Maia, Capitão de Abril. Colocar uma coroa de flores no monumento, cerca de vinte anos depois de ter recusado pensão a Salgueiro Maia quando este a requereu devido a doença que viria a tornar-se fatal, fica bem na fotografia. Típico!


Mas, como dizia aquela senhora à reportagem da SIC: " É muito bonito isto em Santarém. Não há palavras para discriminar isto. " Boa!

Até o Obama recordou o nosso dia. “Os Estados Unidos e Portugal têm uma longa e forte amizade. Hoje, no ‘Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas”, as pessoas de origem portuguesa espalhadas pelo mundo assinalam a data da morte do maior poeta de Portugal, Luís Vaz de Camões”. E diz mais, “Camões, que viveu entre 1524 e 1580, é mais conhecido pelo seu poema épico, Os Lusíadas - um tributo à idade de oiro da exploração e das descobertas portuguesas. Esta Nação [EUA] tem beneficiado grandemente da contribuição de inúmeros americanos de origem portuguesa. Neste Dia de Portugal, é com orgulho que envio os meus votos de felicidades a todos os que, neste momento, assinalam a herança e a cultura portuguesas”. Deve ter sido o primeiro Presidente Norte-americano a fazê-lo.


Bem, só faltou mesmo uma mãozinha do São Pedro, para nos proporcionar um dia solarengo, o que é mais normal no nosso país, nesta altura do ano.

Ah! E a Selecção também podia ter feito jus ao dia. Estão muito fraquinhos... Parabéns à Estónia pela garra que nós não tivemos. Assim vamos mesmo Mundia. E vocês, ainda acreditam?!








segunda-feira, 8 de junho de 2009

Salvem os Ricos, pel' Os Contemporâneos

Estes Contemporâneos são demais!! :)

domingo, 7 de junho de 2009

Machu Picchu, um destino de sonho.


Há uns tempos atrás fiz uma pesquisa sobre Machu Picchu para um trabalho. O local despertou-me um interesse tal que se tornou num dos meus destinos de sonho. Decidi, por isso, colocar o trabalho aqui, ou pelo menos, parte dele. :)

Vista sobre Machu Picchu.


Machu Picchu, ou Machu Pikchu em quíchua – língua indígena da América do Sul – significa Velha Montanha, mas é um local conhecido como Cidade Perdida dos Incas. Na verdade, é uma incógnita se este conjunto de cerca de 300 habitações e de 50 outras edificações seria uma cidade, uma fortaleza ou um palácio. Foi construído por camponeses no século XV, sob as ordens de Pachacuti – imperador Inca entre 1438 e 1471 – no topo de uma montanha, a 2400 metros de altitude, no vale do Rio Uruamba, actual Peru. É um dos locais antigos mais bonitos e enigmáticos do mundo.

É, provavelmente o símbolo mais típico do Império Inca, quer devido à sua original localização e características geológicas, quer devido à sua descoberta tardia. Como bons administradores que eram, os incas preocupavam-se demasiado com a comunicação e com a segurança dos seus povoados, daí a construção desta cidadela num local estratégico situado entre montanhas dos Andes, sendo as principais Machu ( velha – que acabou por dar o nome ao local ) e Huayna ( nova ). Pensa-se que as funções de Machu Picchu seriam a utilização como observatório astronómico, supervisionar a economia das regiões consquistadas, e para proteger o imperador em caso de ataque. No entanto, não se sabe ao certo o porquê da construção desta cidadela naquele local, e é tida como local sagrado da região de Cuzco.


Pedra Inthihuatana, a pedra sagrada de Machu Picchu.


É uma incógnita sobre que motivo terá levado a população inca a abandonar o local, e não existem provas nem testemunhos sobre o facto até porque os incas não eram conhecedores da escrita, mas acredita-se que terão fugido do local aquando das invasões espanholas a Cuzco, capital do império inca na altura. A população de Machu Picchu poderia estar salvaguardada, mas de certo modo estaria também encurralada, se os invasores decidissem alcançar a montanha; o que poderá ter sido o motivo pelo qual deixaram o local deserto.


Ruínas das habitações.


Foi Hiram Bingham, professor norte-americano, quem, à frente de uma expedição da Universidade de Yale e da National Geografic Society, redescobriu e apresentou ao mundo Machu Picchu, em 24 de Julho de 1911. Quando chegou aquele local pela primeira vez, este historiador e arqueólogo tinha o objectivo de encontrar a lendária capital dos descendentes dos Incas, Vilcabamba; no entando, no desfiladeiro de Urubamba, ouviu relatos de um camponês local de que, no cimo da montanha Machu Picchu, existiam centenas de ruínas, que poderiam ser alcançadas ao subir por uma ladeira coberta de vegetação. Bingham, nem queria acreditar no que encontrara e baptizou logo o local de Cidade Perdida dos Incas.



Um pormenor na construção típica Inca. Estes grandes degraus evitam a erosão.
Machu Picchu, é uma maravilha!

Quando se fala nas sete maravilhas do mundo pensa-se, normalmente nas sete maravilhas do mundo da antiguidade. Uma lista integrada pelas Pirâmides de Gizé, Jardins Suspensos da Babilónia, Estátua de Zeus, Templo de Artemis, Mausoléu de Halicarnasso, Colosso de Rodes e o Farol de Alexandria. Todos eram ( ou são, no caso das Pirâmides de Gizé que se mantêm intactas ) construções realizadas pelo homem dignas de reconhecimento.
Uma ideia de Bernard Weber, em 2000, de seleccionar as novas sete maravilhas do mundo elegidas por votação por pessoas do mundo inteiro foi levada a cabo mais como meio de promoção destes monumentos por parte dos meios de comunicação. Esta ideia não foi apoiada pela UNESCO, já que segundo esta é necessário definir critérios de científicos de avaliação e não basta cingir a aspectos sentimentais ou emblemáticos. Para esta organização, "não existe qualquer ponto de comparação entre a iniciativa do sr. Weber e o trabalho científico e educativo que resulte da inscrição de um lugar na Lista do Património Mundial".

No entanto, esta eleição concretizou-se. A 7 de Julho de 2007, no Estádio da Luz, em Lisboa, foram eleitas as novas sete maravilhas do mundo actual, em que, a par de Machu Picchu, encontram Petra, Taj Mahal, Cristo Redentor, Coliseo de Roma, Grande Muralha da China e Chichen Itza.
Oficialmente, Machu Picchu foi declarada pela UNESCO Património da Humanidade em 1981, com a dupla categoria, “ cultural e natural “.

**********
Gostava de colocar mais imagens, mas ficaria muito grande e estas já dão para ter um ideia.

Dá vontade de conhecer, não dá?!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Cântico Negro

" Vem por aqui " - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: " vem por aqui! "
Eu olho-os com olhos lassos,
( Há, nos olhos meus, ironias e cansaços )
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: " vem por aqui! " ?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E avós amais o que é fácil!
Eu ano o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: " vem por aqui "!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!


José Régio, 1925.
Powered By Blogger